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Isabel Côrte-Real

Erasmus em Budapeste, 

Sempre quis fazer Erasmus. Desde o ano em que entrei para a faculdade que ansiava esse momento, fosse qual fosse o destino. Quando, finalmente, faltavam apenas meses para a entrega das candidaturas, começaram a surgir as típicas perguntas por parte dos amigos e família: “Então, já sabes se vais fazer Erasmus?”, “Para onde é que gostavas de ir?”. Na altura, a minha resposta era sempre a mesma: “Sim, quero imenso fazer, mas não sei para onde”. 

Quando, passado semanas, as mesmas perguntas continuaram a ser feitas, percebi que não se tratava só de uma ideia, mas que tinha chegado a altura de me começar a debruçar mais concretamente sobre o assunto. Foi então que começaram a aparecer os medos: o medo de sair da zona de conforto, o medo de quebrar as rotinas, o medo de escolher um destino que não fosse adequado. A minha vontade de aproveitar esta oportunidade fez com que, rapidamente, os conseguisse superar. 

Finalmente decidi candidatar-me a Budapeste, e aqui estou eu para contar a experiência da minha vida!

Erasmus em Budapeste é inacreditável. A cidade reúne tudo aquilo que eu procurava. Lembro-me da primeira coisa que fiz quando cá cheguei ter sido dirigir-me ao escritório do “Erasmus Life Budapest” para criar o tão famoso “cartão ELB” que é indispensável para quem está cá em Erasmus. Estava meia perdida e pedi indicações a uma rapariga italiana que passava na rua. Até hoje, essa rapariga continua a ser minha amiga. Uma parte da riqueza do programa Erasmus é precisamente isto: possibilitar amizades ocasionais que podem perdurar para além do período da experiência. Cruzei-me com pessoas muito variadas, de diferentes nacionalidades e culturas, que de outra forma dificilmente conseguiria conhecer num espaço de tempo tão concentrado. 

A nível académico, deparei-me com novas temáticas e um sistema de ensino diferente, mais interativo e com recurso a introspeção e reflexão crítica. Embora perceba a relevância de todas as unidades curriculares que estou a estudar, merecem especial destaque duas que me fizeram refletir de uma maneira mais profunda sobre a questão dos direitos fundamentais – “Statelessness as a Human Rights Issue” e “Introduction to the United States’ Criminal Law” – esta última contando com a presença de um Professor convidado norte-americano. 

Das seis unidades curriculares que estou a realizar, só me foi concedida equivalência a uma, e as restantes serão à partida creditadas como opcionais jurídicas. O método de avaliação é diferente do da Universidade Católica do Porto. Aqui, na Pázmány Péter Catholic University, os estudos incluem avaliação contínua obrigatória (trabalhos de casa semanais, apresentações orais, trabalhos escritos, presenças e participações nas aulas), dispensando assim em alguns casos a exigência de exame escrito. 

É de realçar o efeito que o programa Erasmus está a ter na melhoria do meu desempenho ao nível da língua inglesa, uma vez que a comunicação verbal e escrita é feita sempre em inglês. Este facto foi aliás um dos aspetos que também influenciou a minha escolha. 

Fazer Erasmus em Budapeste abriu-me ainda portas para viajar pela Europa de Leste. Uma vez que não tenho aulas às sextas-feiras, tento aproveitar alguns fins-de-semana para conhecer os países vizinhos. Foi neste registo que até à data consegui visitar a Eslovénia (Liubliana e Lago Bled), a Croácia (Zagreb e Parque Nacional dos Lagos de Plitvice), a Polónia (Cracóvia, Varsóvia e Auschwitz-Birkenau) e a Roménia (Timisoara), e projeto ainda ir para os lados da República Checa e da Áustria. A localização de Budapeste é tão central que às vezes nem um fim de semana inteiro é preciso para viajar! Só para verem, estou neste momento a pensar em ir passar um dia à Eslováquia (Bratislava), já que a viagem de autocarro são só duas horas e custa apenas 14 euros (ida e volta)! 

Não podia acabar sem abordar o que as pessoas mais me perguntam: a noite de Budapeste. Só para perceberem, todas as segundas-feiras acabo a última aula com a Professora a dizer “Enjoy Morrison’s”. É verdade, segunda-feira é dia de ir para o Morrison’s (para quem não sabe, uma das maiores discotecas de Budapeste, em que a entrada é grátis para quem está cá de Erasmus), nem que seja só para conhecer o ambiente. Agora imaginem!

Se tiverem a oportunidade de fazer Erasmus, agarrarem-na. Acabar a licenciatura sem ter experienciado esta “aventura”, não seria a mesma coisa. Espero, com esta pequena partilha, contribuir para ajudar alguém indeciso em fazer Erasmus. Ah, e se estiverem interessados em vir para Budapeste, aconselho-vos a virem na estação de outono. A cidade é linda, mas na época que precede o Natal… torna-se mágica. 

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